sábado, 31 de dezembro de 2011

Outra Cura

Um vazio sem tamanho toma conta do olhar.
A dor corresponde aos gestos. E o alívio só vem quando as lágrimas caem,
mas logo junto com a dor, no peito voltam a dominar.
Entretanto com menos sentido e força, perdido no próprio sentimento.
Sem cautela, não pergunta se quer continuar e insiste que só a dor pode curar.
Não enxerga culpa, justiça e gratidão.
E já não aguenta tanta incerteza de não saber quando vai encontrar algo ou alguém, que saiba outra forma de curar.

28/09/2011

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Contradição

Não seria normal se tudo me dissesse algo, nem se eu tivesse todas as respostas.
Pois já que nem todas as respostas existem, vê-las me transformaria em louca.
Ser louca, não me compara ao normal, mas me iguala ao consenso da minha própria consciência.

01/06/2011

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Caí

Corro, corro... Mas não saio do lugar. Alguma coisa prende minhas pernas, meus pensamentos e meu coração. Um efeito desagradável me corrói no peito, estragando o que ainda sobrou de mim. São tantos sentimentos misturados e na hora de agir, paro!
Não sei como cheguei a esse ponto de visualizar tanto e esquecer da verdadeira reação. Sempre observei e tentei ajudar, mas no fim, esqueci de mim mesma. Esqueci que atrás de cada escama existia lama e sujeira. Me encontrei pobre, fria e sem nada para mostrar.
Me joguei numa escuridão, e me recusava encontrar alguma luz. É mais confortável estar no escuro sem ter pelo que cobrar e por onde engatinhar. Esperei a luz se iluminar sozinha, o chão se aproximar de mim. Mas eles nunca vinham, nunca vinham.
Comecei a rastejar, implorar e a chorar. E em cada rastejo uma parte de mim ficava, cada vez que eu implorava perdia minha voz, e em cada choro perdia minha visão.
Não sobrou nada, que se deva relembrar e nada que alguém se lembre.
Afastei tudo de mim, já é tarde de mais. Caí.

11/10/2011

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Linhas, marcas e corpo

Não há possibilidade de me reescrever nos momentos que não vivi.
Só posso tentar me entregar ao momento em, que as palavras se escrevem no meu corpo.
E as linhas são lidas por curiosidade do ser.
Minhas marcas são como tintas inapagáveis.
Não se apaga nada de minha alma.
Não há como fugir.
Espero ainda a força de escrever de novo, dentro de um segredo,
que ninguém vai saber, nem eu mesma, que já me esqueci.

01/04/2011

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Devaneio

Segundo pelos quais nunca permaneço.
Meu direito, meu devaneio.
São momentos fugazes de intensidade involuntária.
Meu pé fora do chão, minha mente em deserto.
Silêncio em alma, segredo desconhecido.
E tudo fica em torno dos meus pensamentos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Não vou esquecer

Vivemos de nossas lembranças, dos sentimentos e das sensações. Podemos perder tudo, mas aquelas já ditas permanecem.

A pior doença é a do esquecimento, seja por vontade ou involuntariamente. Esquecer é deixar tudo já vivido para trás, fora da vida.

Se esquecem do rosto, dos momentos, da felicidade, dos anseios. Se esquecem ainda, dos amores, dos filhos, netos. E bem lá no fundo, sabe que esqueceu o que não queria esquecer.

Está em algum lugar, em um único olhar, mesmo que perdido.
Está no último suspiro.

Está agora melhor, porque reencontrou a clareza da vida. E porque, enfim, jamais será esquecido.

28/07/11

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Sem direção

Quando fui por aquele caminho não pensei que iria chegar a esse ponto.
Na verdade, eu nem sabia o que eu estava fazendo. Foi tudo muito rápido, e eu nem dou mais importância se me faz mal ou não.
Acho que menti tanto, que acreditei e ainda acredito.
Machuquei tanto, contei várias histórias para livrar do meu pensamento o que era verdadeiro.
Fui o tipo de coração rebelde, que teimava em contrariar tudo o que “eu” escutava.
Claro, não sou do tipo racional. E nem teria como ser.
Mas o que aconteceu na verdade, todos fazem igual. Criam tudo certinho, todas as falas, todos os sentimentos e então.... Eis, que surge a realidade!
Vi como tudo realmente era. Mas, mesmo assim insisti por um longo tempo.
Agora, eu nem sei mais o que eu faço, se bato por bater, se paro por chorar. Na verdade, às vezes nem me importo com essas opções.
A história não foi de todo mal, eu sei que vou fazer isso ainda muitas vezes, e dependendo do momento até que é divertido, faz bem.
E pensando bem até, no fim eu sempre vou ser o “rebelde”, que insiste e se joga. Então é melhor viver assim, dedicando aos pouquinhos à solidão, à paixão, à tristeza, à felicidade e todos os sentimentos que aqui abrigo. E continuo batendo naquele mesmo ritmo frenético e instável.


26/04/11

sábado, 2 de julho de 2011

Não publiquei Junho

Não publiquei junho.
Não esqueci de você.
Não aprendi a dizer não.
Não gosto do descaso.
Não gosto da solidão.
Não publiquei junho.
Não fui ao jogo.
Não falei que amava alguém.
Não senti as palavras no meu coração.
Não senti vontade de escrever.
Não publiquei em junho.


01/07/2011

sábado, 7 de maio de 2011

Olhos à procura

Vou fitar os olhos
no simples desejo de renascer.
De perceber a luz que encaminha
a moradia da gratidão.
Simples, pelo fato
de não haver outra razão ou procura.
E é isso, que vou sentir agora.
É isso que entendi.
Minha certeza não vêm.
Então, vou embora.

19/03/2011

domingo, 17 de abril de 2011

Papel Distante

Há muito tempo não encarava a folha de papel, para lhe contar sobre meus sentimentos.

Me senti até culpada, por tê-la deixado nesses últimos tempos.

Agora volto à ela, sem ainda saber o porquê.

Queria contá-la sobre tudo, todos os meus sentimentos e fatos.

É tão difícil... Só quero escrever sem parar, sem medo.

Quero de volta as minhas inspirações, meus segredos.

Quero deixar aqui o meu coração, para que ela possa vê-lo.

Não sei como comecei, não sei como terminar.

Acho que a melhor forma é terminar assim, deixando meu coração nessa folha de papel.

E esperar que seja iluminado por essas e outras palavras, que me cercam e me guiam sempre.

07/11/10

sábado, 12 de março de 2011

Mudez de uma Benevolência

Em uma aula - do ano de 2010 - para ler a escrever algo baseado no Soneto, “Um mover de olhos, brando e piedoso” de Luíz Vaz de Camões, escrevi esse pequeno texto.


Mudez de uma Benevolência

Mesmo quando não temos a chance de reconhecer os valores das pessoas, essas não se esquecem de enxergar em outras, alguma esperança de bondade ou uma virtude escondida.
Às vezes, sem forças lançam seus olhares profundos, cheios de ternura e verdade. Transmitindo-nos calma e piedade de toda uma vida.
Com sua bondade, nos manifestam sentimentos e vêem uma nova vida, que pode surgir de forma pura e inatingível. Vêem também tanto sofrimento, tanto desengano, que de tão contínuo se torna um sofrimento pacato e doído.
Sente-se um medo por todo esse sofrimento, e a culpa já não cabe a si, e só restam os olhares piedosos para tudo que está em volta. À Circe¹, que pelas suas conseqüências, nos deparamos com um mundo cheio de injustiças e solidão, tentamos reverter o seu veneno para acabar com todo esse sofrimento real e do pensamento.
Essas pessoas estão no nosso dia-a-dia, nas nossas vidas. E quem serão elas?
Nosso egoísmo não nos deixa ver a pureza, a bondade e a piedade. E esperamos o dia em que, enxergaremos a resposta e a saída de todo esse lamento.

¹Circe era uma deusa grega considerada a rainha das feiticeiras.


Enfim, o Soneto:

Um mover de olhos, brando e piedoso

Um mover de olhos, brando e piedoso,
Sem ver de quê; um riso brando e honesto,
Quase forçado; um doce e humilde gesto,
De qualquer alegria duvidoso;

Um despejo quieto e vergonhoso;
Um repouso gravíssimo e modesto;
Uma pura bondade, manifesto
Indício da alma, limpo e gracioso;

Um encolhido ousar; uma brandura;
Um medo sem ter culpa; um ar sereno;
Um longo e obediente sofrimento:

Esta foi a celeste fermosura
Da minha Circe, e o mágico veneno
Que pôde transformar meu pensamento

Luíz Vas de Camões


quarta-feira, 2 de março de 2011

Pela porta do Esquecimento

Quem é você?
Por que está aqui?
Todos já foram embora.
O que você procura?
Não tem mais nada aqui! Cheguei antes de todos e vi quando foram embora.
Ouvi quando você entrou. Escutei o eco dos seus passos no piso liso.
Mas afinal... Por que é que você veio mesmo?
Ah... Entendo!
Entendo que nem você mesmo saiba.
Cheguei aqui do mesmo jeito.
Entrei por aquela porta do esquecimento. E agora estou aqui. Não sei porque não fui com os outros.
Quer me fazer companhia?
Ah! Que ótimo!
Meu nome?
Não sei... Já não me lembro.
E o seu?

01/03/2011

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Estrada

Peguei aquela estrada. E o sol caindo iluminava o caminho.
Não tinha direção, apenas continuava.
Sentia tudo. A luz que ao encostar-se à minha pele só fazia arrepiar.
O gosto de uma liberdade desconhecida. Sentia a brisa beijar meu rosto.
Só queria continuar e continuar...
O vento vinha contra minha partida. Refrescava meus pensamentos. Meus olhares não desviavam de nada. Eram leves e cheios de ternura.
Meu coração levitava, enquanto cantarolava alguma música.
Parei. Encontrei um lindo retrato do sol iluminando as cores da estação. O vento vinha mais forte e me fazia acreditar em tudo.
Sempre busquei por essas sensações. Me trazem tranqüilidade e paz. Pena que só as encontro nos meus pensamentos e sonhos.
Por isso, fecho os olhos e continuo cantando...

7/02/11

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ilusões Lúcidas

Gosto dessas ilusões. São atraentes, encantadoras. Às vezes me perco nelas.
Sei de quando fazemos ilusões dentro de nós mesmos para tentarmos suprir alguma vontade ou algum sentimento.
Ilusões que levam à imaginação. E nos abrigamos dentro delas pra tentarmos nos sentir confortáveis.
Confirmamos a nossa loucura, nosso desejo pelo que não conhecemos e pelo que não existe.
Sonhamos, sussurramos à nós mesmos que não é real.
Idealizamos pessoas, e até mesmo futuros. E nos prendemos a eles.
Nos prendemos por vontade, depois, nos sentimos prisioneiros.
Daí vem o desespero. Porque se acordarmos dessas ilusões veremos o vazio e ainda ficaremos com a esperança de alguma parte se tornar verdadeira. Se não acordamos, ainda teremos o vazio, mas não a lucidez.
Sem a lucidez tudo fica mais fácil, mais íntegro e sincero.
Chego à conclusão de que, desejo intensamente ter a minha ilusão do mundo, das pessoas e dos amores. Mas as quero pela verdade, pelo errado até encontrar o certo.
Quero tê-las, mas que eu possa sair delas quando não estiver mais agüentando ou quando me for preciso.
Então, peço... : Por favor, deixem-me sair!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Primeiro do ano/Estação

Finalmente o primeiro post do ano. Procurei não me obrigar a escrever nada, para que simplesmente me viesse no momento certo. Até tenho alguns textos, mas talvez post depois.
Sei de meus altos e baixos em meus textos. E é assim, que vou continuar, pois a vida também é vivida dessa maneira. Então, que venham melhores e piores, para que possam retornar sempre mais fortes.

Esse que vou postar aqui, fiz sem querer, quando percebi já tinha pego algum papel e estava escrevendo.

Sem mais...
Feliz 2011!

Estação

Vivo pelas lembranças de um passado não vivido.
Me alimento pelo cansaço,
De momentos não esquecidos.
Momentos não terminados, isolados, quebrados.
Retidos a um afeto e carinhos eternos.
São discretos.
Idealizados apenas em um coração, em um momento de reflexão.
Não há agora a resposta para o segredo da libertação.
Não irei fugir, nem chorar.
Então, apenas espero até a próxima estação.

15/01/11